Estudo piloto usando biofeedback VFC para diminuir ansiedade em pacientes com distúrbios da alimentação
Este estudo de Scolnick B. e col. foi publicado online no Journal of Eating Disorders em 3 de janeiro de 2014, doi: 10.1186/2050-2974-2-17.
Resumo
O biofeedback VFC (Variabilidade da frequência cardíaca ou HRV em inglês), uma técnica que encoraja respiração meditativa lenta, foi usado por 25 pacientes internados com diversos distúrbios da alimentação – anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno compulsivo da alimentação. Os autores verificaram que esta modalidade não mostrou sérios efeitos colaterais e foi subjetivamente útil para a maioria dos participantes. Foi observada uma melhor capacidade de gerar padrões altamente coerentes nos pacientes com início recente de anorexia nervosa.
Delineamento do estudo
Este estudo foi aprovado pelo Boston University Institutional Review Board; foi obtido Consentimento Informado Assinado dos adultos e, nos menores de 18 anos de idade, assinado por ambos os pais.
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O biofeedback VFC foi oferecido a 25 pacientes e um deles recusou imediatamente, tendo os demais 24 deles concordado em participar do estudo. As sessões foram geralmente de 10 minutos, e ocorreram diariamente, ou em dias alternados, durante todo o período no qual os pacientes permaneceram internados, até o máximo de 12 sessões.
Resultados
Não houve sérios efeitos colaterais. Apenas uma paciente, com 24 anos de idade, com anorexia nervosa, tipo restrito a distúrbio bipolar, sentiu fraqueza durante o biofeedback VFC. Seus sinais vitais eram estáveis, mas quando isto reapareceu durante a sessão seguinte, ela foi aconselhada a não continuar.
Quatro participantes pediram para deixar o estudo precocemente porque não estavam sentindo benefícios. Três deles eram jovens adolescentes que estavam doentes há menos de um ano, e insistiram que não havia problemas com sua alimentação, declarando que estavam se alimentando de maneira “saudável”, e que gostavam de estar “em forma”. A outra foi uma menina de 17 anos de idade, que também gerou 100% de coerência em sua primeira tentativa, completou 10 sessões e estava entusiasmada sobre esta técnica, relatando que foi o aspecto mais útil da internação hospitalar. Na sessão número 10, ela tinha ganho 10 libras de peso (aproximadamente 4,5 kg), aceitou que tinha um problema de alimentação, e teve mais dificuldade para gerar um padrão coerente, sentindo-se frustrada com esta técnica.
Os demais 19 pacientes continuaram a participar do estudo até a alta hospitalar.
Dezessete pacientes completaram cinco sessões e preencheram um questionário. Em resposta à afirmação “O biofeedback VFC diminuiu minha ansiedade”, 47% deles relataram que isto foi uma forte verdade, 35% deles relataram que foi mais ou menos verdade e 17% deles responderam de maneira neutra.
Um resultado surpreendente foi a diferença da facilidade para gerar coerência, que geralmente ocorreu em jovens, e como esta facilidade não necessariamente foi correlacionada com benefícios subjetivos.
A maioria dos jovens adolescentes foi capaz de atingir padrões 100% coerentes na primeira sessão de treinamento. Muitos deles pareceram gostar do que um deles chamou de “minha capacidade única”, mais isto não necessariamente se traduziu em relatos de diminuição da ansiedade.
Os que foram mais entusiastas sobre o biofeedback VFC foram os que tinham idade por volta dos 20 anos, que, de maneira uniforme, consideraram seus distúrbios alimentares doenças indesejadas e estavam tentando obter uma recuperação. Nenhum desses pacientes gerou padrões coerentes imediatamente, mas acabaram por conseguir gerar ondas sinusais através de respiração lenta e de pensamentos agradáveis.
Cinco pacientes que tinham mais de 30 anos de idade tiveram dificuldade para gerar coerência cardíaca, mas, assim mesmo, relataram que a respiração lenta os acalmava.
Implicações
Escreveram os autores que, “até onde sabemos, este é o primeiro relato do uso do biofeedback VFC em pacientes com distúrbios alimentares, embora diversos estudos realizados em populações não clínicas tenham demonstrado a eficácia do biofeedback VFC para diminuir um desejo irresistível (fixação) por chocolate”.
O principal achado deste estudo piloto foi que o treinamento pelo biofeedback VFC é seguro nesta população. Ele pode ser considerado um tratamento complementar, além da meditação ou da ioga, que são benéficos para alguns indivíduos.
Os autores ficaram intrigados pela facilidade dos adolescentes com anorexia nervosa para gerar grandes ondas sinusais coerentes, que são consistentes com a elevação basal anteriormente relatada da VFC nesta população, em comparação com os controles normais. Sendo a elevação da VFC um sinal de boa forma física e de boa saúde, isto pode simplesmente ser um reflexo dos hábitos de atividade física de muitos pacientes com anorexia nervosa.
Um dos paradoxos da anorexia nervosa é que, antes do diagnóstico, um adolescente pode parecer uma pessoa modelo; a intenção de fazer exercícios físicos, razoavelmente relacionada a comida “saudável”, nos faz presumir uma VFC robustamente “saudável”. O mecanismo que transforma este estado em inanição auto induzida permanece sendo um profundo mistério.
Se houver uma diferença substancial entre a VFC em adolescentes atléticos e saudáveis, em comparação com os que têm anorexia nervosa, isto pode ser um biomarcador para esta doença.
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Prof. Dr. Marco Fabio Coghi
Pesquisador, responsável científico pelo desenvolvimento do cardioEmotion. Químico e Fisioterapeuta pós-graduado, professor convidado de diversos cursos de pós-graduação (UNICID, UNIFESP, CETCC entre outros); especialista em biofeedback cardiovascular. Palestrante nacional e internacional. Escreveu diversos e-books sobre o tema: coerência cardíaca e biofeedback. Autor de três patentes de invenção. Instrutor de Yoga pós-graduado; terapeuta Ayurveda com estágios realizados na Índia. Hipnoterapeuta. Diretor Científico da NPT – Neuropsicotronics, Diretor da Clínica TAMA e da INTELECTUS Treinamento e Cursos.
Prof.ª Silvana P. Cracasso
Mestranda na UNIFESP em Técnicas Contemplativas. Aprimoramento em técnicas de Atenção Plena e Mindfulness para Saúde. Docente do curso de pós-graduação na UNINOVE. Pedagoga, especialista em Psicopedagogia, Dependência Química, Neuropsicologia do Desenvolvimento. Aprimoramento em Psicofarmacologia, Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) para Desafios Clínicos; Avaliação Neuropsicológica Interdisciplinar; Neuropsicologia Clínica Aplicada à Reabilitação. Educação Emocional e Neurofisiologia das Emoções. Palestrante e formadora de lideranças em Habilidades Socioemocionais. Diretora e coordenadora de atendimento terapêutico da Clínica TAMA e Diretora da INTELECTUS Treinamento e Cursos.
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