Os benefícios do biofeedback cardíaco – parte 4
Diabetes
Num estudo em pacientes diabéticos, a introdução das habilidades de autorregulação produziu uma melhora da qualidade geral de vida e melhorou a regulação da glicemia, que está correlacionada ao uso de técnicas de autorregulação.
Vinte e dois pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2 participaram de um treinamento de dois dias. Foram avaliados a hemoglobina A1c, o colesterol e os triglicerídeos e a pressão arterial (PA), juntamente com medidas do estresse, do estado psicológico e da qualidade de vida, antes e 6 meses após o treinamento. Houve reduções significativas da sintomatologia psicológica e das emoções negativas, incluindo ansiedade, depressão, raiva e angústia, e aumento significativo da tranquilidade, do suporte social e da vitalidade, como também reduções da somatização, da insônia e da fadiga.
Os participantes também mostraram redução da sensibilidade aos fatores estressantes da vida diária e uma qualidade de vida significativamente melhor. A análise de regressão revelou existir uma relação significativa entre a prática relatada das técnicas aprendidas no programa e a mudança dos níveis da HbA1c nos pacientes com diabetes tipo 2, e mais prática foi associada a reduções da HbA1c.
Coerência e melhora das funções cognitivas
Diversos estudos mostraram que maiores níveis de coerência cardíaca estão associados a melhora significativa do desempenho cognitivo.
Foram observados resultados significativos nos experimentos sobre o tempo de descriminação e reação, e nos domínios mais complexos da função cognitiva, incluindo a memória e o desempenho acadêmico. Em termos do funcionamento cognitivo e emocional mais saudável, reduções significativas do estresse, depressão, ansiedade, raiva, hostilidade, esgotamento e fadiga, e aumento de carinho, contentamento, gratidão, paz, resistência e vitalidade foram medidos em diferentes populações.
Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)
Estima-se que o TDAH, mais comumente estudado e diagnosticado em crianças, afeta globalmente entre 3 e 5% das crianças. Se for deixado sem tratamento, o TDAH pode conduzir a insucesso acadêmico, a maus relacionamentos interpessoais, a ansiedade, depressão e a um maior risco de atividades criminais. Em adolescentes com TDAH é particularmente preocupante o risco de distúrbios mentais.
Um estudo randomizado, cego e controlado com placebo foi realizado em 38 crianças (idades entre 9 e 13 anos) com diagnóstico clínico de TDAH, em Liverpool, na Inglaterra, para avaliar o benefício potencial das técnicas de autorregulação. A aprendizagem destas habilidades foi apoiada por treinamento com biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca – VFC (HRV em inglês).
O grupo controle com placebo consistiu de sessões diárias de um a um, de 20 minutos de duração, com um assistente, para aprendizagem durante seis semanas. Durante essas sessões, cada criança ficava livre para construir um modelo de sua escolha com blocos de Lego. A função cognitiva foi avaliada através de um conjunto de testes em computador para medir atenção, concentração, vigilância e memória de curto prazo (episódica), antes da intervenção e novamente após seis semanas.
Medidas secundárias incluíram a “Conners’ Teachers Rating Scale” e o “Strengths and Difficulties Questionnaire”, preenchido pelas crianças e pelos seus professores. Após as medidas pós-intervenção terem sido coletadas, o grupo controle recebeu o mesmo programa de habilidades de autorregulação.
Os participantes mostraram melhora significativa de vários aspectos da memória verbal episódica secundária, incluindo lembrança atrasada de palavras e lembrança imediata de palavras e reconhecimento. Também foi observada melhora significativa do comportamento.
Estes resultados sugerem que as intervenções oferecem um programa fisiologicamente baseado para melhorar o funcionamento cognitivo e o comportamento de crianças com TDAH.
Fonte: https://www.heartmath.org/research/science-of-the-heart/health-outcome-studies/
Nos próximos posts veremos um resumo de outros benefícios obtidos com o uso do biofeedback cardíaco em pacientes em diferentes situações clínicas.
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Sobre o autor deste post: Colunista do blog do cardioEmotion, Dr. Fernando é formado em medicina pela USP, pós graduado em administração de empresas pela FGV, possui mais de 40 anos de experiência como executivo de sucesso em empresas multinacionais do ramo farmacêutico, além de escritor e tradutor sênior.
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