Os benefícios do biofeedback cardíaco – parte 3
Síndrome metabólica
Foram descobertos diversos resultados significativos em dois estudos piloto realizados com trabalhadores de uma linha de serviços públicos e funcionários de uma empresa de viagens on-line.
Esses estudos focaram na diminuição dos níveis de estresse e dos fatores de risco da síndrome metabólica, usando técnicas de biofeedback cardíaco (também chamado de biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca – VFC) para atingir a coerência cardíaca.
Em ambos os estudos houve reduções significativas do estresse organizacional (pressões da vida, das relações pessoais e do estresse relacionado ao trabalho), do estresse emocional (ansiedade, depressão, raiva) e dos sintomas de estresse (fadiga, problemas para dormir, cefaleias, etc.) e aumento significativo da vitalidade emocional.
Ambos os estudos também mostraram reduções do número de participantes classificados como portadores da síndrome metabólica. No coorte da empresa de serviços públicos, o colesterol total e o colesterol LDL diminuíram significativamente, e, no coorte da empresa de viagens online, houve redução significativa da pressão arterial (PA) sistólica e diastólica e dos triglicerídeos (estes últimos dados não publicados).
Asma e função pulmonar
Uma das razões pelas quais o treinamento para atingir a coerência cardíaca é tão eficaz para reduzir a PA no curto e no longo prazo, pode ser o ganho do barorreflexo em repouso.
O psicofisiólogo Paul Lehrer mostrou que, o uso do biofeedback VFC para atingir um estado de coerência fisiológica, que ele chamou de ‘ressonância’, resultou em aumento duradouro do ganho do barorreflexo, independentemente da respiração e das alterações cardiovasculares.
Num grande estudo controlado envolvendo pacientes com asma, os que usaram a ‘ressonância’ tiveram uma melhora da função respiratória, uma diminuição dos sintomas da exacerbação da asma e foram capazes de diminuir a dose de medicamentos corticosteróides.
Em outros estudos, Lehrer demonstrou que a melhora da função pulmonar ocorreu em paciente jovens e nos mais idosos, embora os indivíduos mais velhos tivessem menor VFC; e que as melhoras ocorrem com o treinamento através do biofeedback cardíaco, mas não com relaxamento respiratório ou da tensão muscular.
Ele também publicou um relatório de 20 estudos de casos que mostraram melhora uniforme da função pulmonar em crianças com asma. Além disso, de acordo com Lehrer, num estudo controlado, os pacientes com múltiplos sintomas não bem explicados e com depressão mostraram melhora, bem como os pacientes com fibromialgia e depressão acentuada.
Insuficiência cardíaca congestiva
Um estudo foi realizado na Universidade de Stanford para avaliar o efeito do treinamento através do biofeedback VFC sobre as habilidades de autorregulação da qualidade de vida e da capacidade funcional em idosos, com insuficiência cardíaca congestiva (ICC) classe I-III.
Trinta e três pacientes de diversas etnias (idade média 66 ± 9 anos) foram designados de forma randomizada a um grupo de tratamento, ou a um grupo controle. Esta intervenção foi realizada através de 8 sessões semanais durante 10 semanas.
Foi observada uma melhora significativa dos níveis de estresse percebido, de sofrimento emocional, de andar a pé durante seis minutos e de depressão, e foi notada uma tendência positiva em cada uma das demais medidas psicossociais.
Os investigadores notaram que os portadores de ICC foram participantes voluntários e o estudo sugeriu que estas técnicas foram viáveis e eficazes nestes pacientes, demostrando que os níveis de estresse e de depressão podem ser reduzidos e a capacidade funcional pode ser aumentada nesta população, através de técnicas de autorregulação emocional.
Nos próximos posts veremos um resumo de outros benefícios obtidos com o uso do biofeedback cardíaco em pacientes em diferentes situações clínicas.
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Sobre o autor deste post: Colunista do blog do cardioEmotion, Dr. Fernando é formado em medicina pela USP, pós graduado em administração de empresas pela FGV, possui mais de 40 anos de experiência como executivo de sucesso em empresas multinacionais do ramo farmacêutico, além de escritor e tradutor sênior.
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