O estresse e o declínio cognitivo – parte 1
Ter uma memória que funcione bem é algo em que todos nós pensamos, à medida que envelhecemos. A memória e ouros processos cognitivos diminuem gradualmente quando envelhecemos, mas pesquisas realizadas nas últimas décadas mostram que aqueles que experimentam, de maneira persistente, altos níveis de estresse, ficam especialmente vulneráveis a este problema.
Embora ainda haja muito o que aprender sobre as causas do declínio mental, tem sido recentemente bem documentado que o estresse é um fator contribuinte importante, inclusive pelo desenvolvimento da doença de Alzheimer (DA) e de outros tipos de demência. Uma pesquisa recentemente publicada e realizada na Suécia, durante 38 anos, em 800 mulheres, mostrou que “fatores estressantes psicossociais na meia idade estavam associados a uma incidência de DA e a ansiedade de longa duração, durante várias décadas”. Este estudo realizado na Universidade de Gotenburgo concluiu que “isto sugere que os fatores estressantes psicossociais comuns podem ter graves e duradouras consequências fisiológicas e psicológicas”.
Efeitos do estresse sobre a memória e sobre funções cognitivas
Os efeitos negativos do estresse sobre a memória e sobre outras funções cognitivas tem sido amplamente explorados durante décadas em numerosos projetos de pesquisa, usando uma ampla gama de métodos.
- Um estudo realizado na Holanda e publicado em 2007, “O efeito do aumento do cortisol sobre e memória de longo prazo durante e após estresse psicossocial agudo” examinou a memória de curto e de longo prazo.
Neste estudo, estudantes receberam a tarefa de se lembrar de associações de palavras emocionalmente negativas, o que foi referenciado pelo website do
National Institutes of Health National Center for Biotechnology Information. Os 70 estudantes do sexo masculino aprenderam algumas das palavras um dia antes dos testes, e outras palavras cinco semanas antes.
Os pesquisadores escreveram que, “sob condições estressantes, a lembrança de palavras negativas 5 semanas após o aprendizado foi prejudicada durante e após a tarefa estressante, em comparação com um grupo controle”.
- Um estudo realizado na Universidade da Califórnia em Irving, “Mecanismos do declínio cognitivo tardio após estresse numa fase precoce da vida”, correlacionou disfunções da memória em ratos adultos jovens, submetidos a estresse fisiológico precoce na vida com seres humanos.
“Estes achados constituem a primeira evidencia de que um curto período de estresse cedo na vida pode levar a atrasos e comprometimentos progressivos das medidas sinápticas e comportamentais da função do hipocampo, com implicações potenciais sobre a base dos distúrbios cognitivos relacionados à idade em seres humanos”.
- Em outro estudo citado na revista Preventive, cientistas alemães realizaram dois experimentos separados, nos quais 60 participantes foram submetidos a forma leves de estresse emocional e situacional.
Os resultados mostraram que “as mulheres estressadas demoram 10% mais tempo para se lembrar de informação recentemente aprendida”. O motivo, explica o artigo, é que o cortisol, frequentemente chamado de o hormônio do estresse, e a noradrenalina inundaram o córtex pré-frontal, que controla a memória, onde nova informação é processada e retida.
“A nossa capacidade de focarmos, de nos concentrar e de lembrar tem muito a ver com quanta carga emocional estamos suportando”, escreveram os autores. “O estresse emocional tem grande impacto sobre as nossas funções cognitivas imediatas e a longo prazo, e está por trás de muitos problemas de saúde mental, que ocorrem na sociedade atual”.
Fonte: heartmath.org/
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Sobre o autor deste post: Colunista do blog do cardioEmotion, Dr. Fernando é formado em medicina pela USP, pós graduado em administração de empresas pela FGV, possui mais de 40 anos de experiência como executivo de sucesso em empresas multinacionais do ramo farmacêutico, além de escritor e tradutor sênior.
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