O biofeedback na melhora do desempenho em esportes – parte 1
Aproveitando a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, hoje abordaremos o artigo de Boris Blumenstein e Iris Orbach, publicado no site Oxford Handbooks Online em junho de 2014, cujo texto integral pode ser acessado aqui .
Resumo
A tecnologia do biofeedback é uma grande promessa na tecnologia do esporte, especificamente no treinamento de habilidades psicológicas. As habilidades psicológicas aprendidas através do treinamento pelo biofeedback podem ser aplicadas na prática e nas competições e pode levar à melhora do desempenho atlético.
Este capítulo inclui uma breve revisão da literatura sobre o biofeedback e sobre o treinamento pelo biofeedback, e descreve a situação atual das pesquisas no esporte e as suas implicações na melhoria do desempenho atlético.
Além disso, são apresentados modelos de treinamento usando o biofeedback, como a abordagem de 5 passos de Wingate e a abordagem de aprender-modificar-aplicar, baseadas no princípio da periodicidade.
Finalmente, são apresentadas orientações futuras e conclusões para a integração do treinamento pelo biofeedback como parte da preparação atlética.
A seguir, apresentaremos resumidamente as abordagens de 5 passos de Wingate e a abordagem tridimensional (aprender-modificar-aplicar).
Abordagem de 5 passos de Wingate
Esta abordagem é uma técnica de auto regulação que incorpora o treinamento pelo biofeedback. O seu principal objetivo é o desenvolvimento e a transferência das habilidades de auto regulação do laboratório para os ambientes de treinamento e competição.
Esta abordagem é composta por um teste de auto regulação e cinco passos, dos quais os três primeiros são realizados no laboratório e os dois últimos nos ambientes de treinamento e de competição:
Passo 1: Introdução
Este passo foca em aprender estratégias/táticas básicas de auto regulação, como relaxamento, imaginação, concentração, falar consigo mesmo e treinamento pelo biofeedback. A parte prática acontece no laboratório; o objetivo principal é dominar as ondas de relaxamento-excitação. Por exemplo, o indivíduo é solicitado a atingir o relaxamento através das uma das cinco modalidades de biofeedback, durante cerca de 2 a 3 minutos, seguido por relaxamento profundo durante 5 a 10 minutos, e, então, excitação durante 2 a 3 minutos (Blumenstein, Bar-Eli e Collins, 2002).
Passo 2: Identificação
Este passo se concentra na identificação e no fortalecimento da resposta mais eficiente do biofeedback, de acordo com a modalidade esportiva. A prática ocorre no laboratório, onde o atleta é solicitado a dominar as ondas de relaxamento-excitação de maneira rápida, precisa e confiável. Neste passo, a velocidade de relaxamento-excitação é muito importante.
Passo 3: Simulação
Este passo oferece treinamento pelo biofeedback simulando o estresse competitivo, usando material audiovisual. A prática ocorre no laboratório, onde o atleta pratica mudar de um estado mental para outro, observando filmes de competições e ouvindo ruídos específicos de competições da sua modalidade esportiva.
Passo 4: Transformação
Este passo foca na transferência da preparação mental feita no laboratório para o campo, usando um dispositivo portátil de biofeedback. Esta prática ocorre no campo de treinamento e em diferentes locais como aquecimento antes/depois, durante jogos, corridas, e competições, bem como no hotel, vestiário e ônibus.
Passo 5: Realização
Este último passo foca em atingir uma regulação ótima no ambiente de competição. O atleta aplica as habilidades de auto regulação nas atividades pré competitivas e nas rotinas executadas antes do desempenho.
A abordagem de 5 passos de Wingate tem sido usada com sucesso em pesquisa científica e em experiência aplicada por mais de 20 anos (em 4 Olimpíadas de Verão) e recebeu reconhecimento internacional (Blumenstein e Bar-Eli, 2005; Blumenstein e Orbach 2012a; Edmonds e Tenenbaum, 2012). Esta experiência indica a aplicabilidade desta abordagem em diferentes populações (por exemplo, em crianças, adolescentes, atletas de elite), numa variedade de tarefas (por exemplo, atividades de diversos esportes) e em diversas situações (por exemplo, treinamento, e principais competições).
No próximo post – O biofeedback na melhora do desempenho em esportes – parte 2 – veremos a abordagem aprender-modificar-aplicar e algumas considerações finais.
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Sobre o autor deste post: Colunista do blog do cardioEmotion, Dr. Fernando é formado em medicina pela USP, pós-graduado em administração de empresas pela FGV, possui mais de 40 anos de experiência como executivo de sucesso em empresas multinacionais do ramo farmacêutico, além de escritor e tradutor sênior.
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