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Tudo sobre Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade

Tudo sobre Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade

Mas afinal, o que exatamente é o TDAH ? Muito se fala sobre famoso Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. Educadores, pais, alunos. Entretanto, as respostas, por vezes, mais confundem do que esclarecem. O Portal CPP convidou Silvana Cracasso, pedagoga, especialista, para esclarecer o assunto sem deixar dúvidas.

TDAH é uma desordem nas vias nervosas que acarreta dificuldades de atenção, inquietude ou apatia. A desordem referida é multifatorial, ou seja, resulta da interação de vários fatores ambientais e genéticos que atuam na manifestação de diversos quadros clínicos.

Segundo o DSMV, Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, o TDAH se caracteriza como padrão persistente de inação e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou desenvolvimento do indivíduo.

Entretanto, pais e educadores, por vezes, se confundem com informações incompletas ou infundadas e observam na criança, adolescente ou adulto hiperativo, um modo bagunceiro, rebelde, desorganizado ou até mal educado, sem dizer da desatenção que pode ser confundida com preguiça ou timidez.

Sendo assim, “entendo como de máxima relevância a exposição de um assunto com características tão prevalentes na nossa população de atuação profissional”.

A intenção é prover melhor entendimento de todas as pessoas envolvidas com este transtorno (pais, pacientes, educadores e clínicos) e assim abrir caminhos para boas práticas e opções de manejo adequado.

A dica é:

Mediante comportamento excessivamente agitado ou disperso o melhor a fazer é investigar. Saber identificar os sintomas, buscar diagnóstico e intervenções é essencial para o melhor agir diante de uma pessoa que tenha o transtorno ou mesmo que conviva com alguém que o possua.

Baseada em pesquisa realizada com 115 adolescentes, trago considerações pertinentes à tipologia para diagnóstico do TDAH.

Para facilitar o entendimento visualize a distribuição da tipologia do transtorno na tabela abaixo:

Rev. CEFAC vol.11 no.4

A saber…

1 – Quais as causas desse transtorno?

As possíveis causas relacionadas ao TDAH são:

  • Falha na estrutura e função cerebral
  • Funcionamento cerebral irregular
  • Predisposição genética
  • Ambiente potencializador

Estudos apontam, além da predisposição genética, a ocorrência de baixa atividade de neurotransmissores (dopamina e noradrenalina) que estabelecem as conexões entre os neurônios na região frontal do cérebro como as principais causas do transtorno do déficit de atenção. Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH.

A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano e é responsável pela inibição do comportamento, pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.

2 – Quais os sintomas e os principais problemas que pode causar?

O TDAH se caracteriza por uma combinação de diferentes sintomas. As dificuldades que acompanham o transtorno hiperativo do TDAH podem se manifestar em:

  • Dificuldades de aprendizagem,
  • Perturbações motoras (equilíbrio, noção de espaço e tempo, esquema corporal, etc.)
  • Fracasso escolar
  • Variabilidade do comportamento em diferentes ambientes
  • Geralmente os sintomas aparecem antes dos sete anos de idade, embora, muitas vezes, o distúrbio só é reconhecido quando a criança ingressa na escola, período em que as dificuldades de atenção e inquietude são percebidas com maior frequência pelos professores.
  • O transtorno é observado a partir de três subtipos: o que apresenta predominantemente as dificuldades de atenção; outro que prevalece a impulsividade e a hiperatividade; e o que combina os dois anteriores.

 

Curiosidade

As pesquisas nos informam que o subtipo com predomínio de sintomas de desatenção é mais frequente no sexo feminino e tende a vir em conjunto com o subtipo combinado.

Os tipos que apresentam, predominantemente, dificuldades de atenção, apresentam características marcantes de:

  • Falta de atenção
  • Dificuldade para se ater aos detalhes, os que ocasionam erros grosseiros nas atividades, sejam elas escolares ou não.
  • Falta de organização o que dificulta ainda mais o cumprimento de suas atividades.
  • Parecem, ainda, não escutar o que se fala com ela diretamente

No tipo combinado (apresenta sintomas de ambos os subtipos)

  • As pessoas com déficit de atenção
  • Se distraem com facilidade diante do menor estímulo
  • Interrompem continuamente suas atividades
  • As pessoas com hiperatividade manifestam:
  • Inquietação motora, intelectual e verbal
  • Respostas aceleradas
  • Dificuldade de autocontrole e de autorregularão
  • Dificuldade em seguir instruções
  • Dificuldade para antecipar as consequências de seus atos

Relacionando os tipos de TDAH com as queixas de prejuízo escolar, foi encontrada maior frequência destas variáveis no Tipo II, predominantemente hiperativo.

Segue tabela de dados sobre tipologias do TDAH e seus prejuízos:
                           

Rev. CEFAC vol.11 no.4

  1. Problemas que pode causar: 

Prejuízos escolares como indicadores do desfecho do desempenho na escola, os quais podem ser observados em:

  • Número de repetências
  • Advertências
  • Suspensões
  • Notas baixas
  • Expulsões
  • Inclusões em classes especiais
  • Entre outros parâmetros

Estes achados estão de acordo com a literatura, mostrando que o prejuízo escolar no TDAH pode estar diretamente relacionado ao comportamento em sala de aula. Apesar dos três tipos de TDAH serem acompanhados ao prejuízo escolar, há distinções:

  • O Tipo II – hiperativo, apresenta:
  • dificuldade de sustentação da atenção
  • maior vulnerabilidade à distração
  • mais problemas de disciplina do que de desempenho
  • Mau comportamento em sala de aula
  • Maior ocorrência de expulsões, suspensões e advertências

Generalidades

  • O TDAH na infância
  • As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua”, geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro”, isto é, não param quietas por muito tempo.
  • O TDAH em adultos
  • São acometidos por desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho
  • São muito esquecidos, queixam-se de falta de memória
  • São inquietos (parece que só relaxam dormindo)
  • Não conseguem executar um trabalho por completo (princípio, meio e fim)
  • Vivem mudando de uma coisa para outra
  • São impulsivos (“colocam os carros na frente dos bois”).
  • Têm dificuldade para avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta
  • São frequentemente considerados “egoístas”.
  • Apresentam uma grande frequência de outros problemas tais como: uso de drogas, álcool, ansiedade e depressão.

3 – É curável, qual o tratamento?

O TDAH não tem cura, mas tem tratamentos que amenizam de forma considerável os efeitos da síndrome. Consiste em medicação, mudanças pedagógicas no contexto escolar, atendimento multidisciplinar e psicoeducação familiar.

Quanto ao tratamento:

  • Medicamentoso: Uso de substâncias (medicamentos) para atenuar os principais sintomas: impulsividade e desatenção.
     

Os medicamentos atuam na arquitetura cerebral com efeitos no comportamento. Possibilitam melhor desenvolver aspectos importantes na vida da criança, adolescente ou adulto, melhor interação social, desenvolvimento pedagógico e desempenho em funções acadêmicas ou profissionais.

  • Psicoestimulantes, como Metilfenidato, são a primeira escolha para o tratamento medicamentoso. 
  • Não Medicamentoso: 
  • Terapias comportamentais
  • Terapias Complementares Integrativas
  • Tratamento com Biofeedback cardiovascular e Neurofeedback não invasivos para regulação emocional e das ondas cerebrais que estão alteradas
  • Entre outros em estudo

4 – É tipicamente um distúrbio infantil ou pode persistir até a idade adulta?

O TDAH aparece na infância sendo um dos diagnósticos mais comuns na fase escolar. É caracterizado pela tríade desatenção, hiperatividade e impulsividade, que interferem negativamente nesta fase. Estas crianças cometem erros por desatenção ou por não conseguirem estudar o suficiente, uma vez que não ficam muito tempo sentadas. O baixo rendimento escolar acontece como consequência e, com isso, pode acarretar em baixa autoestima com reação negativa na expressão do comportamento acarretando comprometimento na vida escolar, social, emocional e familiar.

Embora predomine na faixa etária da infância, o TDAH pode acompanhar o indivíduo por toda a vida. Na adolescência pode persistir em 70% a 85% dos casos. Nesta faixa etária é percebido com mais frequência, o tipo combinado, seguido pelo desatento. Na vida adulta a desatenção e a impulsividade prevalecem com prejuízos em diversas áreas da vida.

5 – Qual a relação entre o TDAH, a respiração e o sono?

TDAH, Respiração Predominantemente Oral (RPO) e um sono não reparador, decorrente de possíveis Distúrbios Respiratórios do Sono (DRS), podem desencadear alterações que, juntamente com a sonolência diurna irão interferir diretamente na atenção, concentração e rendimento escolar durante as aulas.

Autores sugerem a relação entre TDAH e dificuldades escolares. Da mesma forma, a RPO apresenta relação com as dificuldades escolares. Apesar do quadro similar em relação aos sintomas comportamentais e os decorrentes prejuízos escolares.

Os sintomas do TDAH também podem ser encontrados nas pessoas que respiram pela boca. Agitação, impaciência, ansiedade, impulsividade, desânimo, dificuldade de atenção, concentração e irritação são características comportamentais de indivíduos com RPO, as quais também podem acarretar em dificuldades escolares.

Nesta fase escolar, verificações sobre acuidade visual e auditiva e alterações comportamentais passaram a ter atenção especial na área da saúde. A dificuldade escolar deixou de ser foco apenas foco da área da educação e passou a ser queixa nos consultórios médicos.

Sendo assim, o respirador bucal que apresenta em seu quadro clínico, alteração no sono, pode apresentar dificuldades escolares pareadas aos sintomas do TDAH. Igualmente apresentam características comportamentais de agitação, impaciência, ansiedade, impulsividade, desânimo, dificuldade de atenção, concentração e irritação.


Portanto…

Mostra-se fundamental a avaliação da respiração em pacientes com Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade e queixa de prejuízo escolar, pois dificuldades escolares podem estar associadas à história pregressa de respiração oral e Distúrbios Respiratórios do Sono comuns nestes quadros.

Um estudo recente observou que o tratamento da RPO em sua amostra de TDAH interferiu diretamente na diminuição dos sintomas de hiperatividade e desatenção.

Então como reconhecer a causa dos sintomas?

Uma boa dica: na análise da relação entre os sintomas da RPO e os Tipos do TDAH, a diferença estatisticamente significante foi encontrada em relação à amigdalite de repetição. Dos adolescentes que referiram amigdalite de repetição, 60% apresentaram o diagnóstico de TDAH do Tipo II hiperativo e 54,5%, do Tipo I predominantemente desatento. Professores, gestores, pais e educadores estejam atentos aos comportamentos sinalizadores. Em caso de suspeita encaminhem a orientação para os familiares buscarem uma equipe multidisciplinar para avaliar.

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