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Coração inteligente e a variabilidade da frequência cardíaca

Coração inteligente e a variabilidade da frequência cardíaca

O coração inteligente

  1. B. Canon (Lang, 1994) observou que as mudanças emocionais eram acompanhadas por alterações da frequência cardíaca, da pressão arterial, da respiração e da digestão (sistema nervoso autônomo).

Na década de 1970, o casal Lacey estudou a comunicação existente entre o coração e o cérebro. Estudou as vias neurais que inervavam o coração, que podiam inibir ou facilitar a atividade elétrica do cérebro. O casal Lacey recebeu premio da American Psychological Association, em 1976:

“Para concepções de atividade do sistema nervoso autônomo, que tiveram um impacto explosivo nas pesquisas em psicofisiologia, em trabalhos de grande alcance… eles descreveram interações complexas entre sistemas comportamentais, o sistema nervoso autônomo e descreveram um sistema com feedback central e subsistemas dissociáveis. Com tecnologia soberba e experimentos meticulosos, eles demonstraram que complexos padrões de resposta autonômica são mensuráveis…” (Autoria não indicada).

Gahery e Vigier (1974) estudaram a estimulação do nervo vago, o décimo par de nervos cranianos, que faz a conexão do coração com o cérebro. Eles descobriram que uma via neural e mecanismo de entrada do coração para o cérebro pode “inibir” ou “facilitar” a atividade elétrica do cérebro.

O Dr. Armour (1991) apresentou à comunidade científica o conceito de Neurocardiologia, referindo-se ao sistema nervoso intrínseco do coração, conceito funcional cérebro-coração, que permitiria que o coração agisse de forma independente do cérebro. Em alguns de seus experimentos, o coração não respondia a certos estímulos cerebrais, como era esperado.

“Armour introduziu o conceito de um ‘cérebro do coração’ funcional. Seu trabalho revelou que o coração  tem  um  sistema  nervoso  intrínseco  complexo  que  é suficientemente sofisticado para se qualificar como um ‘pequeno cérebro’. O cérebro do coração é uma rede complexa de vários tipos de neurônios, neurotransmissores, proteínas e células de suporte, como os encontrados no cérebro. É um conjunto elaborado de circuitos, que lhe permite agir independentemente do cérebro craniano – para aprender, lembrar e até mesmo experimentar e sentir“

Alguns autores apregoam que a Coerência Cardíaca foi descrita pela primeira vez em 1992 pelo físico Winter Dan. Winter sugeriu que “a única medida de Coerência Cardíaca exige algo ele chamou de “cepstrumin”, que é basicamente um espectro da potência do ECG”

Rehin e col. (1995) estudaram os efeitos psicológicos e fisiológicos de emoções como compaixão e ódio. McCraty e col. (1995) estudaram o efeito de emoções no espectro de potencia de variabilidade da frequência cardíaca de curto-prazo, que foi publicado no The American Journal of Cardiology. Tiller e col. (1996) apresentaram a Coerência Cardíaca como um novo método não invasivo de acessar a ordem do sistema nervoso autônomo. Watkins (1997) publicou o livro “Mind-body Medicine, a Clinician Guide to Physiconeuroimmunology”, correlacionando patologias e disfunções dos estados emocionais, neurais e imunológicos.

Childre (2000) relatou que o coração possui 40.000 neurônios que nem sempre seguem as “ordens do cérebro”, mas que o cérebro, por sua vez, sempre segue as “ordens do coração”, e que o coração possui memória própria. Ele ainda relatou que o coração atua como um maestro, que rege o corpo por meio de informações neurológicas via nervo vago, de informações bioquímicas por meio dos neurohormônios produzidos no átrio cardíaco (serotonina, adrenalina e peptídeo natriurético), por meio de informações mecânicas – ondas de pressão (barorreceptores do arco da aorta e da artéria carótida) e de informações geradas por ondas eletromagnéticas, produzidas no coração, e que são 5 mil vezes mais intensas que as do cérebro.

Armour, J. A. (2003) descreveu o “cérebro” do coração, que são circuitos elétricos intrínsecos do coração, tendo seu próprio sistema autônomo, ramos simpáticos e parassimpáticos. O sistema nervoso intrínseco do coração engloba o nodo sinoatrial, o nodo atrioventricular, e neuritos acessórios (rede de Purkinge), de inputs do sistema autônomo, de nervos simpáticos e parassimpáticos.

Variabilidade da frequência cardíaca

A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é a medida do tempo entre dois batimentos cardíacos consecutivos, ou seja, é a mediada do tempo transcorrido entre dois intervalos R-R consecutivos, medido através do eletrocardiograma (ECG). Este intervalo não é constante, ocorrendo variações no intervalo de tempo R-R.

A frequência cardíaca é regulada instantaneamente por meio de mecanismos fisiológicos. Neste intervalo de tempo R-R, a frequência cardíaca é controlada pela atividade do sistema nervoso autônomo, através de seus ramos simpático e parassimpático. A atividade simpática reduz o intervalo R-R, enquanto que a parassimpática o aumenta.

O cálculo da variabilidade da frequência cardíaca pode ser feito por dois métodos principais: o método estatístico dos intervalos R-R, chamado de domínio do tempo, e pela análise espectral de intervalos R-R, o espectro de densidade de potência. Esta variabilidade pode ser avaliada em curtos períodos de tempo (5  minutos ou menos), ou ainda durante 24 horas, usando o ECG.

O método estatístico e o de frequência delimitam faixas de frequência, a saber: alta frequência (0,15 a 0,40 Hz), modulada pelo sistema nervoso parassimpático; baixa frequência (0,04 a 0,15 Hz), modulada pelo sistema nervoso simpático e parassimpático; a frequência muito baixa (0,003 a 0,04 Hz) modulada pela atividade simpática; e a frequência ultra baixa (0,0001 a 0,003 Hz), que não tem uma correspondência fisiológica bem determinada (TASK FORCE, 1996).

A distribuição da potência e da frequência central da baixa frequência e a alta frequência varia segundo as mudanças na modulação autonômica no coração, e é uma janela de visualização dos dois ramos do sistema nervoso autônomo. Cambri et al. (2008) publicaram artigo de revisão sobre a variabilidade da frequência cardíaca e o controle metabólico.

Os conceitos acima expostos são chave para o entendimento sobre como o biofeedback cardíaco (também chamado de biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca) funciona na psicologia prática.

Se você quiser saber mais sobre o biofeedback cardíaco e suas aplicações práticas em psicologia, baixe gratuitamente o eBook “Como tornar visível o invisível” deste mesmo site.

Sobre o autor: O Dr. Marco Fabio Coghi é fundador e diretor da Neuropsicotronics Ltda. Ele é especialista em biofeedback cardíaco cardioEmotion, autor de vários artigos científicos e de divulgação, professor convidado de diversos cursos em nível de pós-graduação e de especialização (Medicina Comportamental − UNIFESP; Stress e Ansiedade − Universidade Cidade de São Paulo; Psicossomática − PUC; Neuropsicologia Aplicada à Reabilitação − Clínica Saúde; Projeto Cuca Legal: Educação Emocional − UNIFESP, etc.). Ele é um palestrante e conferencista internacional.

 

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