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Estudo piloto usando biofeedback cardíaco para diminuir a ansiedade em pacientes com transtornos alimentares

Estudo piloto usando biofeedback cardíaco para diminuir a ansiedade em pacientes com transtornos alimentares

Este estudo de Barbara Scolnick e col. foi publicado no Journal of Eating Disorders 2014, 2:17 doi:10.1186/2050-2974-2-17, e o texto completo pode ser acessado aqui.

Resumo

Escrevem os autores que o biofeedback cardíaco, uma técnica que encoraja uma respiração lenta e meditativa, foi aplicada a 25 pacientes internados com vários transtornos alimentares, como anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno alimentar compulsivo.

Dizem os autores que esta técnica não tem efeitos colaterais graves e foi subjetivamente útil para a maioria dos participantes. Foi observada uma melhor capacidade para gerar alto padrão de coerência cardíaca nos pacientes com anorexia nervosa recente.

Resultados

Não houve efeitos colaterais graves. Apenas uma paciente do sexo feminino com 24 anos de idade e portadora de anorexia nervosa e distúrbio bipolar teve um desmaio, ao ser submetida ao biofeedback. Os seus sinais vitais estavam estáveis, mas, quando houve recorrência deste efeito na sessão seguinte, ela foi aconselhada a não continuar no estudo.


Quatro participantes pediram para sair precocemente do estudo por que não estavam sentindo benefício. Três deles eram jovens adolescentes, que estavam doentes há menos de um ano, e insistiram que não tinham problemas alimentares, declarando que estavam comendo dietas saudáveis e que gostavam de se sentir em forma.

Uma menina de 17 anos de idade, que gerou coerência cardíaca de 100% na primeira tentativa, completou 10 sessões e estava entusiasmada com esta técnica, relatando que ela foi muito útil durante a sua hospitalização. Na sessão 10 ela havia ganho pouco mais de 4,5 kg e aceitou que tinha um problema alimentar. A partir deste ponto, ela teve maior dificuldade para gerar um padrão de coerência cardíaca e se sentiu frustrada com esta técnica.

Os demais 19 pacientes continuaram a tomar parte no estudo até a alta hospitalar. Dezessete pacientes completaram 5 sessões e preencheram um questionário. Respondendo à declaração “O biofeedback diminuiu a minha ansiedade”, 47% deles relataram que ela era fortemente verdadeira, 36% deles relataram que ela foi verdadeira de algum modo e 17% deles relataram que era neutra.

Um resultado surpreendente foi a diferença na facilidade para gerar a coerência cardíaca, que foi geralmente relacionada à juventude, e esta facilidade não necessariamente se correlacionou com este benefício subjetivo.

Como pode ser observado na Tabela 1, a maioria dos jovens adolescentes foi capaz de atingir um padrão de coerência cardíaca de 100% na primeira sessão de treinamento. Muitos deles pareciam desfrutar o que um deles chamou de “a minha capacidade única”, mas isto não necessariamente se traduziu num relato de diminuição da ansiedade.

Os que foram mais entusiastas sobre o biofeedback foram os pacientes que estavam nos seus 20 anos de idade, que consideraram, uniformemente, que o seu transtorno alimentar não era desejado e que eles estavam tentando se recuperar. Nenhum desses pacientes gerou imediatamente padrões de coerência cardíaca, mas, eventualmente, muitos deles aprenderam a fazer isto, e puderam gerar uma onda sinusal ao diminuir a frequência respiratória e ao invocar pensamentos reconfortantes.

Os 5% dos pacientes que tinham mais de 30 anos de idade lutaram com dificuldades para gerar a coerência, mas, assim mesmo, relataram que a diminuição da frequência respiratória produzia um efeito calmante.

Implicações

Os autores afirmam que, até onde eles sabem, este é o primeiro relato de uso do biofeedback cardíaco em pacientes com transtornos alimentares, embora diversos estudos feitos com populações não clínicas tenham demonstrado a eficácia do uso desta técnica, para diminuir a ‘loucura’ por chocolates.

O principal achado deste estudo piloto foi que o treinamento pelo biofeedback cardíaco é seguro nesta população, e pode ser considerado um tratamento adicional à meditação ou à ioga, que são benéficos para alguns indivíduos mais que para outros.

Nós ficamos intrigados pela facilidade demostrada pelos adolescentes com anorexia nervosa de gerar grandes ondas sinusais coerentes, o que é consistente com a anteriormente citada elevação basal da variabilidade da frequência cardíaca – VFC (HRV em inglês) nesta população, comparada com controles normais. Uma vez que a elevação da VFC é um sinal de boa forma física e de boa saúde, isto pode ser simplesmente um reflexo dos hábitos de fazer exercícios físicos de muitos portadores de anorexia nervosa.

Um dos paradoxos irritantes da anorexia nervosa é que antes do diagnóstico inicial, um adolescente pode parecer um cidadão modelo; chegado nos exercícios físicos, razoavelmente preocupado em comer uma dieta saudável e mostrando, supostamente, uma robusta VFC. O mecanismo através do qual ocorre a transformação deste estado numa inanição auto provocada permanece sendo um profundo mistério.

Se existir uma diferença substancial entre a VFC em adolescentes atléticos e saudáveis e naqueles portadores de anorexia nervosa, este poderia ser um marcador biológico desta doença.

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Sobre o autor deste post: Colunista do blog do cardioEmotion, Dr. Fernando é formado em medicina pela USP, pós graduado em administração de empresas pela FGV, possui mais de 40 anos de experiência como executivo de sucesso em empresas multinacionais do ramo farmacêutico, além de escritor e tradutor sênior.

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